quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Torre de Babel

“A modernidade se caracterizou pela utopia da vida científica. Cremos numa nova humanidade criada pelas tecnologias naturais, sociais e políticas. Acordamos na pós-modernidade assim como quem desperta num pesadelo cujo cenário é uma torre muito alta que balança ao sabor da fúria dos elementos naturais. Das alturas de nossa incerta ascensão contemplamos o abismo do futuro: o que levar para essa queda? O que conservar? Do que desistir?”,

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Terrorismo Poético

Tudo muda, mas na verdade tudo se repete.
A máquina da prosperidade esmaga quase todos contra uns poucos.
Mas o caos nunca morreu e o universo quer brincar.
As leis nunca foram quebradas porque elas, simplesmente nunca existiram.
Demônios nunca existiram, impérios nunca começaram e Eros nunca deixou a barba crescer.
Ouça o que aconteceu: Eles mentiram pra você, lhe venderam uma idéia de bem e de mal,
hipnotizaram a falta de atenção e todas as suas emoções mesquinhas e até a vergonha do seu
próprio corpo.
Você já é o monarca da sua própria pele.
Arrombe um apartamento, mas, ao invés de roubar, deixe um objeto poético.
Sequestre uma pessoa, e faça ela feliz naquele dia.
Quando finalmente teremos a coragem de ser felizes, como imaginamos que podemos?
Fazer algo que as crianças lembrem pro resto de suas vidas com um sorriso irrefreável?
Já que a virtude se converte em vício quando mal aplicada, e o vício se dignifica pela ação.
Seria necessária uma grande realização. O Terrorismo e a poesia em amorosa comunhão.
Mas como?

domingo, 28 de setembro de 2008

A caixa 

Estou na fila. Daquelas rápidas, nas quais é permitido no máximo 10 volumes. Repasso mentalmente minha lista para ver se não esqueci nada.
- Próximo!
Vou tirando as coisas da cesta, olho para a atendente, em seu crachá se lê "Érika". Tento pensar em algo engraçado, um cumprimento incomum e não rotineiro. Mas ela é mais rápida.
 - Vai querer CPF na nota?
 - Não não, obrigado.
Ela vai passando as coisas pelo leitor. Olho pra ela. As olheiras evidenciam uma noite com poucas horas dormidas. Tenho vontade de perguntar-lhe como foi seu dia, qual seu poema favorito, quantos filhos tem. Se é feliz ali... Entretanto, as palavras simplesmente não surgem, sufocam-me.
 - Débito ou crédito?
 - Débito. 
Pego minhas sacolas e minha nota. Dou alguns passos e paro. Sou dominado por um desejo excruciante de voltar-me, pegá-la pela mão e levá-la a uma terra distante, longe de notas, de cartões e de filas! Onde ela possa brincar com seus filhos. Sem olheiras. Olho para trás eufórico.
 - Vai querer CPF na nota? A fila andou, ela esqueceu-me.
Continuo meu caminho. Dou um, dois, três passos. Esqueço-a também.

sábado, 27 de setembro de 2008

Walking in the air - Composição: Howard Blake

Nós estamos caminhando no ar
Nós flutuamos no céu enluarado
As pessoas lá embaixo estão dormindo enquanto nós voamos

Eu estou segurando bem firme
Eu estou passeandono azul da meia-noite
Eu estou vendo que posso voar tão alto com você

Através do mundo
As vilas passam como se fossem árvores
Os rios e as colinas
A floresta e os riachos

As crianças contemplam
De boca aberta
Pegas de surpresa
Ninguém lá embaixo acredita no que está vendo

Nós estamos surfando no ar
Nós estamos nadando num céu congelado
Nós estamos passando pelas montanhas de gelo

De repente baixamos até o fundo de oceano
Despertando o monstro poderoso do seu sono

Nós estamos caminhando no ar
Nós flutuamos no céu da meia-noite
E todos que nos vêem nos cumprimentam
Enquanto voamos